Eleições 2024 em Campina Grande: O Que Está em Jogo?
- Jefferson Firmino Mendes
- 8 de out. de 2024
- 17 min de leitura
Prefeito Festeiro e Obras Inacabadas
A gestão atual de Bruno Cunha Lima tem sido alvo de críticas intensas, especialmente por sua postura considerada "festeira". Embora as festas tradicionais da cidade, como o São João, tenham sido um sucesso, a população questiona se esse mesmo empenho se reflete em outras áreas, como a infraestrutura. Um exemplo gritante é a reforma do Parque do Povo, que, mesmo após meses de início, continuava quase inacabada. O impacto dessa demora era sentido pela população, especialmente com a proximidade de novos eventos importantes.
Fonte das imagens: Ecliton Monteiro e ClickPB.
Além disso, a cidade enfrentou outro escândalo envolvendo a ausência da cantora Roberta Miranda, que havia sido anunciada como uma das atrações do São João de Campina Grande, mas não foi oficialmente incluída na programação.
A cantora expressou sua insatisfação em um vídeo publicado em seu Instagram, onde relatou que, apesar de seus fãs estarem ansiosos para vê-la, não houve um esforço efetivo por parte da prefeitura para garantir sua participação.
Foto: Instagram @robertamiranda / The Music Journal Ela revelou que tentou entrar em contato com o prefeito mais de 15 vezes sem sucesso, o que gerou frustração entre os fãs e a perda de uma oportunidade de faturamento significativo com seus shows.
Outro aspecto que gerou críticas foi a falta de inclusão de muitos comércios e lanchonetes de boa qualidade no faturamento das festas. Embora o evento tenha atraído grandes multidões, muitos empresários da cidade, que estavam bem preparados para atender ao público, ficaram de fora. Comerciantes locais, como os famosos calixteiros pastéis (que são especializados em caldos e petiscos tradicionais) e outros pequenos negócios, como lanchonetes e vendedores ambulantes, que já possuem clientela fiel e infraestrutura pronta para atender ao grande volume de visitantes, ficaram de fora das festividades, o que gerou insatisfação e perda de uma chance de lucrar com a movimentação turística da cidade.
A incompletude da reforma do Parque do Povo também refletiu um cenário de desorganização e insatisfação entre a população e os comerciantes locais. Isso se somou ao fato de que, mesmo com grandes eventos, a falta de atenção às demandas de infraestrutura e ao apoio ao comércio local comprometeram a imagem de um evento que deveria ser um sucesso não apenas para os turistas, mas também para os empresários da cidade.
Citação: "Na última sexta-feira (22), a programação do São João de Campina Grande foi divulgada e a ausência de Roberta Miranda chamou a atenção. A cantora ficou de fora, mesmo tendo sido anunciada como atração meses antes, mas de maneira não oficial."
Roberta Miranda, em um vídeo publicado em seu Instagram, desabafou sobre a situação: "Vim aqui hoje para um assunto bastante delicado, é assunto do grande São João que é Campina Grande, sobre o prefeito Bruno Cunha Lima. Estou aqui em respeito a um fã meu", começou. Quando abriram a grade do São João e não viram o nome da Roberta Miranda, eles ficaram tristes, choraram muito e mandaram imediatamente um recado para minha sobrinha o que estava acontecendo", continuou. "Deixei de vender essa data. Porque o artista tem uma programação. […] Não adianta o prefeito falar para mim: 'ah, nós nos falamos via WhatsApp e você vem na rede social'. Não, eu tentei mais de 15 vezes, e vou colocar aqui quantas vezes eu tentei", finalizou.
Na segunda-feira (25), o prefeito Bruno Cunha Lima se manifestou sobre a polêmica, justificando: "No caso de Roberta especificamente, é bom a gente mencionar e assim como eu fiz no ano passado, mais uma vez esse ano eu fiz apelo e a empresa que tem dado um espetáculo, tem sido um espetáculo de organização de entrega para a população de Campina Grande, para o setor turístico na organização do evento, que a responsável por fazer o contato com os artistas e negociar cachês, e é o que me parece, né? Os diálogos esbarraram justamente nisso. Não é porque tem meu apelo, que a empresa será obrigada a contratar um artista", explicou, em entrevista à uma rádio da cidade.
Desapropriações em Massa e Falta de Retorno

Outro ponto que gera descontentamento é a desapropriação em massa de áreas urbanas, muitas vezes sem oferecer uma compensação justa ou soluções habitacionais adequadas. A crítica vai além da falta de moradia, já que os projetos que prometiam retorno à cidade, como a criação de espaços públicos e de lazer, não foram entregues conforme o planejado.
Lombadas, Multas e Indústria dos Radares

A proliferação de lombadas e radares eletrônicos, em diversas áreas da cidade, levanta suspeitas sobre a indústria da multa. O aumento das infrações registradas parece menos uma medida de segurança e mais uma fonte de renda para os cofres públicos. Os motoristas sentem-se constantemente vigiados, e os excessos das penalizações afetam diretamente a mobilidade urbana.
Saúde e Educação: Um Cenário de Descaso
Na saúde, o cenário é alarmante. A falta de recursos e estrutura básica transforma cada visita a uma unidade de saúde em um verdadeiro desafio para os campinenses. As filas intermináveis e a falta de medicamentos essenciais pintam um quadro caótico.
A educação não fica atrás.

Com um dos piores índices de desenvolvimento estudantil da América Latina, segundo dados do PISA, a cidade enfrenta sérias dificuldades para oferecer uma educação de qualidade. Professores, que já lutam com salários defasados, estão se reunindo para fazer vaquinhas e cotações a fim de reformar quadras escolares e garantir o mínimo de material pedagógico para seus alunos. Esse esforço particular revela um sistema educacional aos frangalhos, incapaz de cumprir seu papel social e formativo.
Campina Grande Ainda Não é uma Cidade de Primeiro Mundo

Apesar de promessas de desenvolvimento, Campina Grande ainda está longe de se tornar uma cidade do porte de Nova Iorque, Paris, Lisboa ou Madrid, cidades que conseguem combinar crescimento econômico, infraestrutura robusta e qualidade de vida elevada. A realidade campinense, marcada por problemas crônicos como saneamento precário, educação deficitária e infraestrutura urbana deficiente, está distante desses padrões internacionais.
A cidade precisa de investimentos inteligentes e políticas públicas que realmente transformem sua realidade, e não apenas de eventos festivos.
Fonte das imagens: PB Agora e Jornal da Paraíba
A realidade de Campina Grande realmente demanda uma análise mais profunda sobre os desafios enfrentados, como o saneamento precário, a educação deficitária e a infraestrutura urbana que ainda precisa de muitos avanços. Isso reflete um cenário que está bastante distante dos padrões de cidades com melhores índices de desenvolvimento e qualidade de vida.
Fonte da imagem: SITRANS
O terminal de integração, por exemplo, que já foi uma importante fonte de movimentação econômica no período noturno, atualmente está em uma situação preocupante. A falta de segurança e infraestrutura adequada, especialmente à noite, expõe as pessoas a riscos constantes. Não há policiamento nas ruas e, na maioria das vezes, o terminal e as imediações ficam sem a presença de funcionários, o que contribui para um aumento significativo de assaltos e outras práticas criminosas. Vale a pena citar que o SITRANS já ameaçou fechar a integração mais de uma vez!
Para aqueles que trabalham ou estudam até mais tarde, a realidade é ainda mais desafiadora. A falta de acessibilidade, a escassez de opções de alimentação de qualidade e a ausência de segurança tornam o ambiente do terminal um verdadeiro "deserto" à noite, aumentando ainda mais o sentimento de insegurança. Isso também impacta diretamente os usuários do transporte público, principalmente estudantes e trabalhadores que vivem jornadas pesadas, muitas vezes conciliando trabalho e estudos, e se veem vulneráveis enquanto aguardam o último ônibus às 22h40.
Portanto, é urgente que a cidade invista em políticas públicas de segurança e infraestrutura, focando no bem-estar da população. Esses investimentos não devem se limitar a eventos festivos temporários, mas sim transformar a realidade do dia a dia dos campinenses, promovendo maior acessibilidade, segurança e oportunidades de emprego e lazer.
Infraestrutura Urbana: Bueiros, Alagamentos e Caos nas Chuvas


As ruas de Campina Grande também apresentam problemas crônicos. Bocas de lobo entupidas e bueiros mal posicionados contribuem para constantes inundações durante a estação chuvosa. Ruas alagadas tornam a cidade intransitável, expondo a falta de planejamento urbano e manutenção adequada. Os campinenses sofrem as consequências, vendo seus bairros virarem verdadeiros rios em dias de chuva.
Locais como às margens do Canal de Bodocongó e no bairro do Catolé, próximo à praça Luiza Motta, são exemplos claros desse cenário. Esses pontos, quando alagam, se transformam em verdadeiros rios urbanos, tornando-se um desafio para os motoristas e pedestres que se arriscam ao transitar por essas áreas.
Fonte das imagens: G1 Paraíba e TikTok Blog do Marcio Rangel
Esses problemas de infraestrutura não afetam apenas a mobilidade, mas também colocam em risco a segurança dos moradores, principalmente os motoboys, entregadores, ciclistas e ciclocondutores, que são mais suscetíveis a acidentes.
A falta de manutenção das vias, aliada aos alagamentos, aumenta as chances de quedas, fraturas e hospitalizações. Esses trabalhadores, que dependem do trânsito para o sustento diário, estão particularmente vulneráveis a lesões graves quando enfrentam ruas escorregadias e mal conservadas. Além disso, a precariedade das condições das vias pode levar a danos nas motos, bicicletas e equipamentos de trabalho, gerando prejuízos adicionais.
Possibilidades e Migrações de Votos
Nas urnas, as possibilidades são amplas. Os votos dos insatisfeitos tendem a migrar para novos candidatos, e a indecisão da classe média campinense pode ser o fator decisivo para o próximo pleito. Candidatos com novas propostas de infraestrutura, saúde e educação podem se beneficiar desse descontentamento geral.
O Que Sabemos do Candidato Johnny?
Entre os nomes que despontam, Johnny tem chamado a atenção por sua candidatura. No entanto, sua trajetória levanta sérias dúvidas. Natural de Brejo Santo, no Ceará, Johnny fez fortuna em sua cidade natal, investindo milhões em uma mansão e em um hotel conforme alegações especulativas transmitidas durante a campanha eleitoral da oposição em horário nobre na TV .
Há alegações de que parte de sua riqueza foi acumulada por meio de práticas questionáveis em sua gestão da saúde, com envolvimento em casos de superfaturamento de contratos e recursos destinados a serviços essenciais. Será que faltaram antibióticos, como a azitromicina, leitos, respiradores e galões de oxigênio? Não duvido muito. Apesar de suas promessas eleitorais, o passado nebuloso do candidato e sua ausência de vínculo direto com Campina Grande deixam eleitores desconfiados. Johnny nunca fez nada por Campina Grande e é um forasteiro duvidoso, que despontou na AeC em cima da campanha, atrás de votos, mas sem apresentar propostas concretas ou soluções que realmente pudessem mudar a situação da cidade.
Seu histórico de ausência e falta de comprometimento com as causas locais fazem com que muitos eleitores permaneçam desconfiados, sem acreditar que ele seja a opção para um futuro melhor para Campina Grande.
Fonte da imagem: TSE
Cenário 1: Migração de votos de Artur Bolinha
Os votos de Artur Bolinha (Novo) têm maior probabilidade de migração para Bruno Cunha Lima, dado o perfil político mais alinhado ao eleitorado de centro-direita. Contudo, uma parte desses votos pode ir para Jhony, por conta da sua atuação nas eleições anteriores como oposição.
Candidato | Artur Bolinha | Migração para Bruno Cunha Lima (%) | Migração para Dr. Jhony (%) | Justificativa |
Bruno Cunha Lima | 16.282 votos | 60% (9.769 votos) | 30% (4.885 votos) | Eleitores mais conservadores e de centro-direita tendem a apoiar Bruno. |
Dr. Jhony | 16.282 votos | 30% (4.885 votos) | 60% (9.769 votos) | Votos de oposição, com possibilidade de migração por descontentamento com a gestão atual. |
Cenário 2: Migração de votos de Inácio Falcão
Os votos de Inácio Falcão, que estavam no campo da oposição, têm maior chance de migração para Dr. Jhony, visto o alinhamento político e a busca por alternativas à reeleição de Bruno Cunha Lima. No entanto, essa migração pode ser limitada, dado o baixo carisma de Jhony em Campina Grande.
Candidato | Inácio Falcão | Migração para Bruno Cunha Lima (%) | Migração para Dr. Jhony (%) | Justificativa |
Bruno Cunha Lima | 16.448 votos | 40% (6.579 votos) | 30% (4.934 votos) | Parte dos eleitores de Falcão pode se alinhar com a gestão atual, principalmente os mais moderados. |
Dr. Jhony | 16.448 votos | 30% (4.934 votos) | 60% (9.869 votos) | Os eleitores de oposição são mais propensos a votar em Jhony, embora a falta de carisma de Jhony seja um obstáculo. |
Cenário 3: Migração combinada de Artur Bolinha e Inácio Falcão
Este cenário contempla a possibilidade de uma migração mais ampla para Dr. Jhony, mas que enfrentaria dificuldades, principalmente pela falta de carisma do candidato.
Candidato | Total de votos (Artur + Inácio) | Migração para Bruno Cunha Lima (%) | Migração para Dr. Jhony (%) | Justificativa |
Bruno Cunha Lima | 32.730 votos | 50% (16.365 votos) | 20% (6.546 votos) | Com a migração dos votos de Bolinha e Falcão, Bruno ainda se beneficia com um eleitorado mais centrado. |
Dr. Jhony | 32.730 votos | 20% (6.546 votos) | 50% (16.365 votos) | Mesmo com a migração de votos de oposição, Jhony precisaria de uma migração mais expressiva para vencer, algo improvável devido à sua imagem. |
Cenário final: Probabilidades e conclusões
Bruno Cunha Lima é o candidato com maior potencial de ganhar a eleição, já que sua base eleitoral é mais sólida e há uma migração considerável de votos de Artur Bolinha em seu favor.
Dr. Jhony, apesar de conseguir uma migração significativa dos votos de Inácio Falcão, ainda enfrenta desafios por conta da falta de carisma na cidade e da dificuldade em convencer o eleitorado bolsonarista e moderado.
A migração de todos os votos de oposição para Dr. Jhony é improvável, o que limita significativamente suas chances de vitória no segundo turno. Cenário Com Melhor Expressividade de Votos Totais :
Cenário | Bruno Cunha Lima | Dr. Jhony | Total de votos | Votos da oposição |
Total de votos (2º turno) | 110.807 votos | 79.471 votos | 190.278 votos | 39.519 votos (oposição) |
Votos de Artur Bolinha (Novo) | 16.282 votos | 4.885 votos | - | - |
Votos de Inácio Falcão (PCdoB) | 16.448 votos | 9.869 votos | - | 16.448 votos (oposição) |
Votos de André Ribeiro (PDT) | 5.386 votos | - | - | 5.386 votos (oposição) |
Votos de Prof. Nelson (PSOL) | 1.403 votos | - | - | 1.403 votos (oposição) |
Cenário Miraculoso (migração total de votos de oposição para Dr. Jhony) | - | 39.519 votos | 150.527 votos | 39.519 votos |
Bruno Cunha Lima continua com 110.807 votos como base consolidada no 2º turno.
Dr. Jhony já conta com 79.471 votos, sendo que em um cenário bastante otimista, 9.869 votos vêm de Inácio Falcão, 4.885 votos de Artur Bolinha, e os votos restantes de outros candidatos.
O total de votos da oposição é de 39.519 votos, somando os votos de Inácio Falcão (16.448 votos), André Ribeiro (5.386 votos) e Prof. Nelson (1.403 votos).
Cenário Miraculoso (migração total dos votos da oposição para Dr. Jhony):
Dr. Jhony ficaria com 39.519 votos adicionais, somando um total de 118.990 votos.
Conclusão:
A migração de todos os votos da oposição para Dr. Jhony não se mostra sustentável o suficiente para reverter o quadro, já que Bruno Cunha Lima continuaria à frente devido a uma vantagem inicial significativa.
Conclusão: O Futuro de Campina Grande Está em Suas Mãos
A eleição de 2024 será decisiva para o futuro de Campina Grande. Com uma gestão atual envolta em polêmicas e uma oposição recheada de candidatos controversos, o eleitor campinense precisa se informar, refletir e escolher com responsabilidade. Quem será o líder capaz de enfrentar os desafios da cidade e trazer mudanças concretas?
Educação em Campina Grande: O Reflexo de Uma Crise Nacional
A educação pública em Campina Grande enfrenta uma crise estrutural que afeta diretamente o futuro de milhares de alunos.
Dados recentes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) confirmam o declínio da qualidade do ensino, com notas preocupantes em disciplinas fundamentais.
Em Matemática, por exemplo, a média dos alunos da rede pública está em torno de 3,5 em uma escala de 1 a 10, com mais de 50% dos estudantes sem conseguir realizar operações básicas como adição e subtração. A evasão escolar e o alto índice de repetência são um reflexo direto dessas dificuldades, agravados pela falta de condições básicas de ensino.
Desempenho nas Principais Disciplinas
O desempenho nas disciplinas-chave também segue uma tendência desanimadora:
Português (Gramática, Literatura e Redação): Média de 3,8. Muitos alunos têm dificuldade em interpretar textos simples e formular redações coerentes, o que afeta diretamente a capacidade de comunicação e compreensão crítica.
Língua Estrangeira (Inglês): Média de 2,9. A maioria dos alunos não consegue entender frases simples e básicas, o que prejudica a formação de uma mão de obra qualificada para o mercado globalizado.
História e Geografia: Média de 4,2. Embora os alunos conheçam alguns conceitos históricos e geográficos, há uma carência de entendimento crítico sobre a aplicação prática desses conhecimentos.
Ciências: Média de 4,0. As lacunas no ensino de Ciências impedem a formação de bases sólidas para disciplinas como biologia, química e física, essenciais para diversas áreas profissionais.
Esses números são reflexo do abandono da educação pública em Campina Grande, que não se limita apenas à infraestrutura das escolas, mas também à falta de investimento em capacitação docente e recursos pedagógicos. Sem a devida atenção a essas disciplinas, os alunos estão sendo formados sem o conhecimento básico necessário para competir no mercado de trabalho.
Educação em Campina Grande: Um Sistema em Colapso
A qualidade do ensino nas séries iniciais do Ensino Fundamental em Campina Grande está em uma situação alarmante, especialmente nas escolas municipais. Enquanto cidades do interior da Paraíba, como no Alto Sertão, Cariri e Zona da Mata, já contam com ar condicionado nas salas de aula, bibliotecas de alto padrão e laboratórios de informática bem equipados, as escolas de Campina Grande continuam às migalhas. Os alunos lidam com corredores sujos, banheiros dilapidados e mal cheirosos, paredes pichadas e pisos que remontam aos anos 80, criando um ambiente impróprio para o aprendizado.
O Impacto da Evasão Escolar e Repetência
O índice de evasão escolar no Ensino Fundamental de Campina Grande é um dos mais altos da região, superando 30% em algumas escolas. Entre os alunos que continuam frequentando, muitos acabam repetindo de ano, especialmente nas disciplinas de matemática e português. A repetência escolar tem um efeito devastador, não apenas no progresso acadêmico, mas também na autoestima e no envolvimento escolar dos alunos. Esse cenário abre portas para o desgosto e descompromisso com a escola, criando um ambiente de ociosidade que favorece o aumento da criminalidade juvenil e da delinquência.
Infraestrutura Precarizada em Contraste com Escolas do Interior
Enquanto cidades do interior da Paraíba, como no Alto Sertão, Cariri e Zona da Mata, já contam com ar condicionado, bibliotecas de alto padrão, e laboratórios de informática, as escolas de Campina Grande permanecem com infraestrutura defasada. Alunos precisam lidar com corredores sujos, banheiros mal cheirosos e salas de aula com pisos desgastados desde os anos 80. Em uma cidade que poderia liderar a educação no estado, a falta de melhorias mínimas nas escolas municipais é inaceitável.
Evasão Escolar e Repetência: Um Retrato do Descompromisso
Os índices de evasão escolar são especialmente críticos. De acordo com os dados mais recentes, mais de 30% dos estudantes do Ensino Fundamental abandonam a escola antes de concluir a etapa, e entre os que permanecem, o número de repetentes é elevado, comprometendo o avanço escolar de toda a rede. Esse desinteresse crescente, impulsionado por uma educação que falha em cativar e engajar os alunos, acaba favorecendo o aumento de problemas sociais, como a criminalidade e a delinquência juvenil.
Desempenho em Matemática: O Alerta Vermelho
No que tange à Matemática, os dados são ainda mais preocupantes. No último IDEB, o município ficou abaixo da meta estipulada, refletindo o fracasso na formação de habilidades básicas.
As métricas de desempenho do SAEB 2023 apontam que cerca de 50% dos alunos não conseguem resolver operações simples, como adição e subtração, o que compromete não só o progresso acadêmico, mas também a capacidade desses jovens de se inserirem no mercado de trabalho futuramente. Esses dados reforçam o quanto a educação básica – fundamental para o desenvolvimento social e econômico – está em um nível crítico de precariedade.
Vale a pena acessar o endereço acima do polêmicas paraíba.
Além da crise educacional, as escolas municipais enfrentam graves escândalos de corrupção. Relatos de desvios de verba da merenda escolar abalaram a confiança da população. Alunos continuam sem receber refeições adequadas, enquanto o dinheiro público destinado à alimentação é desviado para fins ilícitos. As condições das escolas também são desastrosas: falta de infraestrutura básica, com quadras esportivas destruídas, salas sem ventilação e tetos com infiltrações, impactando diretamente no desempenho e na motivação dos alunos.

O Impacto Social: Consequências Devastadoras

Essa falência educacional não se limita às escolas, mas gera um ciclo vicioso de marginalização e criminalidade. A falta de uma base educacional sólida deixa os jovens vulneráveis à criminalidade e ao envolvimento em atividades ilícitas, como furtos e pequenos crimes, que têm crescido na cidade. O descaso com a educação acaba por favorecer a ociosidade e o desvio de caráter, criando uma geração de jovens que não têm perspectivas de futuro.

Uma Utopia Fora da Realidade: Qualificação desde a Infância

O termo utopia foi originalmente cunhado pelo escritor e filósofo inglês Thomas More em 1516, em sua obra intitulada Utopia. O livro descreve uma sociedade ideal localizada em uma ilha fictícia, onde a justiça, a igualdade e o bem-estar comum prevalecem de forma perfeita. A palavra “utopia” deriva do grego e é composta por “ou” (não) e “tópos” (lugar), literalmente significando “lugar que não existe”.
Com o tempo, o conceito de utopia passou a ser utilizado para se referir a qualquer idealização de uma sociedade perfeita ou inacessível, onde todas as necessidades dos cidadãos são atendidas, e todos os problemas sociais, políticos e econômicos estão resolvidos. No entanto, a utopia, por ser um lugar fictício ou impossível, muitas vezes representa um estado inalcançável na realidade concreta.

No contexto social e político, a palavra "utopia" muitas vezes é utilizada para descrever ideias ou projetos que, por mais bem-intencionados, são impossíveis de realizar por estarem além das limitações práticas do mundo real. Tentar implementar uma utopia pode, paradoxalmente, levar a resultados adversos, uma vez que o perfeccionismo absoluto acaba se chocando com as falhas humanas, as complexidades sociais e as restrições econômicas.
Esperar que os jovens, especialmente aqueles em situações de vulnerabilidade social, tenham a oportunidade de se especializar e garantir qualificação profissional até os 18 ou 25 anos enquanto enfrentam fome e necessidades básicas é uma utopia. O Brasil ainda carece significativamente de mão de obra qualificada, e grande parte desse problema decorre de uma formação escolar deficiente.


Se a qualificação profissional fosse promovida desde a infância, com um ensino multidimensional que incluísse disciplinas futuristas, como artes, tecnologia, softwares, programação e línguas estrangeiras, o cenário poderia ser completamente diferente. A introdução de tais disciplinas formaria jovens mais preparados para o mercado de trabalho, com melhores oportunidades de emprego e uma maior capacidade de empreender e gerar renda autônoma.

Ao longo do tempo, isso impulsionaria o empreendedorismo local, fortalecendo os comércios e negócios da cidade, tornando-os mais competitivos e promovendo uma economia próspera. Jovens que, mesmo sem alcançar imediatamente sua profissão dos sonhos, estariam ao menos preparados para garantir o próprio sustento, evitando assim o ciclo de pobreza e marginalização.













O Futuro Depende de uma Revolução Educacional e Tecnológica
Os números e as condições falam por si: a educação em Campina Grande precisa de uma revolução urgente. A cidade está sendo deixada para trás em um momento crucial, onde o investimento na formação de jovens poderia transformar não apenas suas vidas, mas também o futuro econômico e social do município.
Para que isso ocorra, é necessário que as lideranças políticas assumam um compromisso real com a qualificação profissional desde cedo, investindo em uma educação que forme cidadãos aptos a contribuir com o desenvolvimento de sua cidade e país.
Enquanto Campina Grande ainda enfrenta sérios problemas em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura, é preciso pensar em soluções que realmente transformem a cidade.
A falta de investimento em educação técnica e tecnológica de ponta é um dos maiores erros que temos cometido. Ao contrário de muitas nações asiáticas que estão investindo fortemente em capacitação tecnológica emergente, como programação, inteligência artificial e design gráfico, Campina Grande ainda se encontra na dependência de uma educação antiquada e desconectada das demandas do mercado atual.
Investir em educação técnica e profissionalizante, com foco em áreas como construção civil, marcenaria e setores eletro/eletrônicos incluindo fontes de energia hidroelétrica e de energias renováveis, é essencial. Isso inclui o uso correto de ferramentas como plainadeiras, serras elétricas, furadeiras e parafusadeiras, além de maquinário avançado de torneiraria mecânica, multimetros, ferros de solda e outras ferramentas práticas do dia a dia, inclusive as digníssimas e reconhecidas como colheres de pedreiro, empoladeiras e carrinhos de mão, que pesam menos ao Estado do que uma pistola ou fuzil, por exemplo.
O mercado de trabalho exige capacitação especializada em eletricista — seja para instalações residenciais, grandes potências elétricas, como hidrelétricas, ou automotivas, com foco em sistemas de energia renovável e automação industrial. Essas são áreas que não apenas garantem empregos, mas criam uma base sólida para o desenvolvimento econômico local, além de gerar renda e autonomia para a população.
Países como Coreia do Sul, Japão e Cingapura são exemplos de nações que não só investiram na formação de profissionais altamente qualificados, mas também incentivaram a criação de centros de excelência e inovação, capacitando seus jovens para enfrentar os desafios tecnológicos do futuro. Eles criaram programas de ensino integrados à prática, conectando escolas técnicas a empresas, permitindo que os alunos saiam prontos para o mercado de trabalho com habilidades diretamente aplicáveis.
Em Campina Grande, precisamos de uma revolução educacional, focada em disciplinas do futuro, como programação, inteligência artificial, automação e design gráfico. Essas são áreas emergentes que vão preparar nossos jovens para as profissões do amanhã, oferecendo resultados tangíveis e práticos, com métricas claras e calculáveis, como o aumento da empregabilidade, melhoria da produtividade e maior competitividade dos nossos negócios locais.
Investir nesse tipo de educação pode ser o caminho para um futuro mais próspero e sustentável, promovendo não apenas o avanço de Campina Grande, mas de todo o estado da Paraíba.
E, se os candidatos realmente se preocupam com o futuro da cidade, eles precisam mais do que de promessas vazias: eles precisam apresentar um plano de ação concreto e estruturado, focado em capacitação, inovação tecnológica e qualificação profissional. Do contrário, sua candidatura permanecerá apenas mais uma tentativa de explorar os votos da população sem um compromisso real com o desenvolvimento local.
Fontes
Ecliton Monteiro – ImagemFonte das imagens: Ecliton Monteiro.
ClickPB – ImagemFonte das imagens: ClickPB.
PB Agora – ImagemFonte das imagens: PB Agora.
Jornal da Paraíba – ImagemFonte das imagens: Jornal da Paraíba.
SITRANS – ImagemFonte da imagem: SITRANS.
G1 Paraíba – ImagemFonte das imagens: G1 Paraíba.
Marcio Rangel – BlogFonte das imagens: Blog do Marcio Rangel.
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – Imagem Fonte da imagem: TSE.
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